sexta-feira, 26 de maio de 2006

Presidente palestino pressiona Hamas a reconhecer Israel

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, ameaçou ontem convocar um referendo sobre o processo de paz com Israel, se o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), que controla o atual governo palestino, não reconhecer o direito de existência de Israel e não retomar as negociações de paz. Abbas está pressionando os líderes do Hamas a assinar um plano de 18 pontos formulado no mês passado por militantes do Hamas e da Fatah (Luta), o partido de Abbas, fundado pelo falecido líder palestino Yasser Arafat.

Este plano defende a criação de um Estado palestino na Faixa de Gaza e na Cisjordânia dentro das fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando Israel ocupou estas duas regiões mais as Colinas do Golã, que pertenciam à Síria, e a Península do Sinai, devolvida ao Egito depois do acordo de paz de Camp David, em 1979. Isto implicaria o reconhecimento de Israel e a renúncia ao projeto do Hamas de "libertar toda a Palestina", o que exigiria a destruição de Israel.

"Se vocês não concordarem", advertiu o presidente palestino, "vou perguntar diretamente ao meu povo se aceita ou não este plano".

Abbas está convencido de que o Hamas venceu as eleições parlamentares de 25 de janeiro porque é considerado menos corrupto e seus serviços sociais são mais eficientes. O porta-voz do Hamas, Ghazi Hamad, admitiu que seu partido foi eleito com outra plataforma, de continuar a luta armada e não reconhecer Israel, "mas se o povo tomar uma decisão diferente, vamos respeitar a decisão. Não somos contra acordos políticos".

Nas últimas duas semanas, houve choques entre militantes do Hamas e da Fatah, criando risco de uma guerra civil entre os palestinos. Ontem, foi proposto um "diálogo nacional".

Em visita aos EUA, o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, recebeu um apoio discreto do presidente George W. Bush para seu plano de definir unilateralmente as fronteiras de Israel até 2010, se não for possível chegar a um acordo de paz com os palestinos. Israel se nega a negociar com o Hamas até que o movimento fundamentalista abandone a luta armada e reconheça a existência do Estado judaico.

A Europa e os EUA consideram o Hamas um grupo terrorista e suspenderam a ajuda internacional ao governo palestino, no valor de centenas de milhões de dólares depois que o movimento chegou ao poder. Israel também parou de transferir os impostos que arrecada nos territórios árabes ocupados.

Como Israel tem um peso enorme na política interna americana, os dois grandes partidos disputam qual é o mais favorável a Israel. Por isso Bush aprovou com alguma relutância o plano unilateral de Olmert, que não agrada à Europa e principalmente aos países árabes.

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